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O Bem Viver

Traduzido como "Bem Viver" ou "viver em plenitude", o Sumak Kawsay é um conceito na língua quechua, que nos convoca a uma nova forma de organização social, em que a natureza e seus elementos sejam respeitados e considerados sujeitos de direitos.

São diversas as populações indígenas que possuem conceitos semelhantes relacionados ao Bem Viver. O povo Guarani Mbyá, por exemplo, possui o conceito conhecido como nhanderekó, isto é, a forma plena de ser um Guarani. Dessa forma, o Bem Viver aborda a humanidade em sua dimensão total, em que esta pertence e está relacionada à natureza e não separada dela, como o pensamento ocidental apresenta. Baseado nos cinco princípios descritos abaixo, o Sumak Kawsay é uma proposta a mudanças:

1) Sem conhecimento ou sabedoria não há vida (Tucu Yachay);
2) Todos surgimos da mãe terra (Pacha Mama);
3) A vida é plena (Hambi Kawsay);
4) A vida é coletiva (Sumak Kamaña); e
5) Todos temos ideais ou sonhos (Hatun Muskuy).

No entanto, de acordo com a sociedade capitalista, a natureza é compreendida como um objeto a ser dominado e explorado em prol do desenvolvimento e do progresso, ao contrário das populações indígenas que compreendem a natureza como um sujeito de direitos e possuem um sentimento de pertença à mesma.

O modelo de desenvolvimento da sociedade capitalista trouxe uma série de dilemas que necessitam de uma resposta urgente. Com o agravamento da crise ambiental, é essencial que esse modelo seja repensado e que novas possibilidades de ser e estar no mundo, cujos valores como solidariedade, altruísmo, empatia e coletividade façam frente à imensa desigualdade produzida. A pandemia revelou esse processo abruptamente, trazendo à tona questões profundas sobre nossas fragilidades diante da natureza: um vírus impôs alterações bruscas em nosso modo de vida, colocando em xeque nossa existência.

Assim, o Sumak Kawsay transcende o conceito, ele é a práxis, um chamado a todos para a construção de caminhos alternativos e coletivos visando o processo regenerativo dos ecossistemas, bem como a superação das desigualdades sociais.

Por Luciana Galante, Presidenta da Associação Ecomunidade Bem Viver